Dados do Programa Queimadas mostram 30.901 focos, quase o triplo do ano passado
Evelin Azevedo e Leandro Prazeres
01/09/2019 – 12:53 / Atualizado em 01/09/2019 – 22:27
RIO – Agosto deste ano foi o pior mês para a Amazônia desde 2010. O número de queimadas na região triplicou em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019. O recorde anterior, há nove anos, foi de 45.018 focos de incêndio na parte brasileira do bioma. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe ).
Especialistas ouvidos pelo GLOBO foram unânimes em descartar fatores naturais como as causas desse aumento. Para eles, o crescimento no número de incêndios registrado no mês passado é resultado da ação humana e está diretamente ligado ao aumento nas taxas de desmatamento. A preocupação dos ambientalistas é com o mês que começa agora, já que setembro, mais seco, é historicamente pior para as queimadas do que agosto.
Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indicam que o desmatamento aumentou 15% entre agosto de 2018 e julho de 2019. Na comparação entre julho de 2018 e o mesmo mês de 2019, a taxa de desmatamento aumentou 66%. Para os especialistas, o aumento na derrubada de florestas fornece o combustível necessário para os incêndios.
— O número de queimadas representa o número do desmatamento na Amazônia. A floresta é úmida, e por isso não tem a característica de autocombustão. Só pega fogo a área que está seca, ou seja, nas regiões nas quais as árvores foram cortadas e deixadas para secar — diz Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam).